quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Será o fim?

A Globo tem registrado os piores índices de audiência das telenovelas desde os anos 70!
É, sem dúvida, a pior safra de novelas que já vi. E eu gosto de novela. Então, deve ter muita gente que gosta, como eu, e também não está aguentando assistir o que temos aí.
Negócio da China, às 18h, do Miguel Falabella, consegue ter menor audiência que Ciranda de Pedra. A tentativa de mudar o formato das novelas das 18h não está dando certo. Aliás, quem vê novela gosta de ter a opção de uma história mais leve, um bom romance água-com-açúcar de época (típico da faixa das seis).
Três irmãs, às 19h, de Antônio Calmon também vai mal. Poderia atingir um público adolescente pela temática dos surfistas, mas os adolescentes tem opções muito melhores na internet, não vale mais a pena investir nesse público.
E A favorita, inovou demais, quebrou a ordem tradicional do correr dos fatos e não tem um par romântico que envolva o público.
A Record estava indo bem na concorrência, com boas novelas, mas agora só temos aqueles mutantes esdrúxulos e os bombeiros gostosões de Chamas da Vida (ruim que só).
Tem gente falando da concorrência com outras mídias e tal.
Mas, se a novela for boa, eu não troco ela por orkut nenhum.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eleições 2008, o que aprendemos e o que já sabíamos

À pedido, fica o meu balanço das eleições 2008. O que aprendemos e o que vimos, mas todo mundo já sabia.

1- Beleza e juventude não vencem eleição. (Adeus, Manu e Marchezan!)
2- Os porto-alegrenses ainda podem ser vistos como PT e anti-PT. (eu sei, eu sei que há controvérsias)
3- Luciana Genro não é mais uma rebelde sem causa. (10% do povo deu crédito pra ela)
4- A bolsa-creche e a passagem única do Onyx não fizeram sucesso.
5- A saúde não é prioridade. (só para os 2% do Marchezan)
6- Vereador ou é reeleito ou é um cara do povo (né, DJ Cassiá?)
7- Tem candidato a vereador que não vota em si mesmo, totaliza zero votos!
8- O Partido Verde decididamente não tem vez em Porto Alegre. (nenhuma cadeira na câmara!)
9- Quem for se candidatar a vereador, tenha certeza do seu número antes de fazer a campanha. (em Ajuricaba-RS e em Coxim-MS candidatos quase enfartaram quando viram que tinham feito campanha com o número errado e não sabiam qual era o certo!)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Porto Poesia 2008


"Festa, festival, fogueira: exposição da palavraria geral. O movimento dos barcos da expressão no cais-caos da linguagem. Fórum coletivo dos poetas no espaço da imaginação da urbe. Mostra-pajelança dos diferentes afluentes das águas da arte da palavra. Depois do primeiro evento, em 2007, este segundo virá demonstrar, discutir, remarcar e expandir o cercado de uma parcela significativa da poesia brasileira nos últimos anos."


Apesar de estar meio sem tempo, não posso deixar de passar neste evento que começa hoje e vai até dia 12 no shopping Total.

É a segunda edição do Porto Poesia que ano passado teve duração de três dias e foi no Centro Cultural Érico Veríssimo.


Agora, com uma semana de palestras, oficinas, shows, debates, etc, sua sede será num shopping. Uma idéia ótima, por sinal. Os desavisados que estiverem fazendo compras, comendo um hamburguer ou simplesmente andando baratinados por entre as vitrines poderão participar do festival e talvez pensar sobre a importância da poesia. E tudo de graça.






segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Experimento Nelson 1

Nesta quarta, dia 24, é a última oportunidade de conferir o trabalhos dos alunos do Dad, pelo Projeto Teatro, Pesquisa e Extensão da UFRGS.
A peça mistura quatro textos de Nelson Rodrigues, começando por A Serpente (1978), na qual duas irmãs discutem o casamento, tendo o sexo como elemento principal. Guida, vendo a infelicidade da irmã recém abandonada pelo marido, Lídia, propõe a esta que passe uma noite com seu marido Paulo. Lídia aceita, mas Guida torna-se obsessivamente ciumenta e passa a odiar a irmã.
Na peça do Dad, tudo isso é passado com muito humor, quando na verdade a peça escrita por Nelson tem caráter trágico.
O "Experimento" é exatamente este: a passagem do trágico para o cômico, dimensão que Nelson conferiu a toda sua obra, alcançando uma grandiosidade que o faz o melhor dramaturgo brasileiro.
Quando a platéia está extasiada com o cômico, entram novos personagens e um outro texto: Toda Nudez será castigada (1965). E aí, nada de risos. Somente o desespero e a angústia de Herculano.
Gargalhadas substituem a vontade de cortar os pulsos e a peça está só na metade.

A quem possa interessar:
Quarta-feira, 24 de setembro.
12h30 e 19h30 na sala Qorpo Santo, Campus Central da UFRGS.
Entrada franca.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mano, teu passado te condena


Até que o Mano Changes falou bem ontem no debate dos vices promovido pela Band. Fora o tique-nervoso de mexer a cabeça e o discurso vazio. Quer dizer, ele não abusou tanto das gírias e não falou em ir pra praia, tomar trago ou pegar mulher.


Mas eu lembro bem de quando ele começou na vida (se é que pode-se dizer assim) artística. Eu tinha 13 anos em 98 e a banda do Mano, Comunidade Nin-Jitsu era o maior sucesso em Porto Alegre.


Eu e minhas amigas fazíamos de tudo para não perder o show deles, subornar irmãos mais novos, inventar desculpas esfarrapadas aos pais, usar identidade falsa. Tudo pra ouvir aquele som e cantar junto: Merda de bar!... Tive! Tive! Detetive! Meu pai é detetive!...


A grande recompensa era ser chamada ao palco para dançar: São nove meses, são nove meses, explode a barriga e lá vem o meu guri! (isso mesmo, explode!) Era bom demais.


Gostávamos do Mano, mas o nosso preferido era o guitarrista Fredi Endres.

Na verdade, o Mano Changes já era gordo e um pouco nojento. Ainda mais quando cantava: Você é meu benzinho, eu sou teu benzão, então vamos lá pra casa, pra fazer sucção! Imaginem eu e minhas amigas virgens ouvindo isso.


Uma vez inesquecível foi quando o Mano se jogou na galera. Estávamos no canto do palco e quando olhamos lá pro meio... Ué? Onde está o Mano? Cena clássica do filme Escola de Rock.

E quando ele dava entrevista na rádio: Mano, e aí como vai ser o show? Resposta: Grande presença! Mano, que tu achou do Planeta? Resposta: Grande presença!

É louco pensar que o cara que cantava: Ah! Eu tô sem erva! pode vir a ser vice-prefeito, não dá pra sequer imaginar..


Mano, o teu passado te condena!

E o meu também.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Otto Desenhos Animados


Muito bacana a exposição em homenagem aos 30 anos da produtora de Otto Guerra, cineasta gaúcho, criador de Wood & Stock, Sexo, Orégano e Rock'n'roll.

A mostra é uma retrospectiva dos desenhos animados produzidos desde os anos 80 no Brasil, quando o trabalho era manual (aliás, tem acetatos originais pintados a mão).


Depois descobri que no site da produtora (http://www.ottodesenhos.com.br/) dá pra assistir a vários filmes.


A figura é da animação Novela (1992) que conta com os temas clássicos de uma boa novela como o amor proibido, o núcleo pobre e cômico, o núcleo grãn-fino, o magnata que é fotografado aos beijos com uma amante e termina assim: "Este filme foi baseado em fatos verídicos que acontecem no Brasil de segunda à sábado há mais de 25 anos!"


A exposição é de 02/09 a 14/09/2008 - de terça a sábado, das 13h30 às 18h30; domingo, das 14h às 18h30 no Museu do Trabalho.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

De volta "tudo pelo social"


Segunda-feira, dia 1º, está de volta no Vale a pena ver de novo a novela Mulheres Apaixonadas de Manuel Carlos (2003). Como de praxe, o autor traz diversas discussões sobre problemas sociais. Lembremos de Laços de Família e a personagem Camila que sofria de leucemia, ou Páginas da Vida e a Helena da vez que adotou um negro e uma menina com síndrome de down.

Pois bem, em Mulheres Apaixonadas Maneco se superou: lesbianismo (Aline Moraes e Paula Picarelli nos papéis de Clara e Rafaela), violência doméstica (as raquetadas e Rachel), violência urbana (a personagem de Vanessa Gerbeli assassinada num assalto em pleno Leblon), alcoolismo (Vera Holts, em brilhante atuação), câncer, padre assediado (Padre Pedro), mulheres que amam demais (a personagem de Giulia Gam picoteando as roupas do marido), preconceito contra mulheres que se relacionam com homens mais novos (o filho do Jorge Furtado, quem disse que ele era ator?) , preconceito contra idosos, ufa!

Ainda teve campanha de vacinação com os velhinhos (Carmem Silva e Oswaldo Louzada) hostilizados pela neta (Regiane Alves, no papel de Dóris).

Cenas marcantes: raquetadas na personagem de Helena Ranaldi (Rachel) pelo marido Marcos (Dan Stulbach) , a surra que Dóris leva do pai (Marcos Caruso), além da humilhação no hall de um hotel; e, claro, a morte de Fernanda (Vanessa Gerbeli)- o duro é aguentar a pequena Salete (Bruna Marquezine) chorando a novela inteira.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Da luta de cada uma

Foi terça passada, o TVE Repórter falou sobre Morte Materna e a luta das mulheres grávidas por um atendimento de qualidade no Sistema Único de Saúde. Emocionante a história de Carmem Carneiro, a mãe que perdeu sua filha vítima de morte materna por negligência médica e hoje mantém uma Associação de familiares e amigos de mulheres com este trágico fim (Amaterna).

Numa simples troca de canal, outra reportagem: a luta das mulheres para... encontrar um biquini! Tratava-se da Fulaninha Boin Boing e da Sicraninha não-sei-o-quê, as duas com mais de 1 litro e meio de silicone em cada seio. Os seios delas são do tamanho de uma cabeça ou até maiores, é realmente grotesco.

Enquanto um grupo de mulheres trabalha contra a violência, outras violentam a si mesmas, tornando os próprios corpos uma aberração. E ainda por cima (não se pode esperar mais do programa da Luciana Gimenez) aparecem na TV como coitadinhas que não conseguem correr ou amarrar os tênis e têm que batalhar na busca de um sutiã GGG!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Lorca


Aos 19 dias de agosto de 1936 (há exatos 102 anos) era fuzilado pelas tropas do General Francisco Franco o poeta e dramaturgo Federico Garcia Lorca.

Lorca começou escrendo poemas carregados de 'cor local' e logo fez uso da sua arte para propagar ideais socialistas.

Durante a estada nos Estados Unidos, sua poesia ganhou um caráter surrealista, sempre criticando os governos capitalistas e todo e qualquer tipo de opressão.

No teatro atinge a maestria com a última peça da triologia de dramas folclóricos A Casa de Bernarda Alba, escrita cerca de 30 dias antes da sua morte e encenada somente no ano de 1964.

A peça narra em três atos a vida dentro de uma casa onde 5 mulheres são controladas pela mãe opressora que as mantém prisioneiras por oito anos com a justificativa de cumprir luto pela morte do segundo marido de Bernarda.

Ao mesmo tempo, o espanhol colocou em discussão as relações de poder no Estado e na instituição família, além de traçar um perfil feminino que perdurou séculos.

A Casa de Bernarda Alba ganhou diversas montagens no Brasil. Em Porto Alegre, a última foi um espetáculo de dança (A Casa) ganhador do prêmio Açorianos: melhor cenografia, trilha sonora e espetáculo de dança 2007.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Coletânea da privada

Pode acontecer de faltar jornal ou gibis no momento único das necessidades fisiológicas. Para que não seja preciso apelar aos rótulos de shampoo, sabonete ou pasta de dente, elaborei uma lista de alternativas de leitura:

O Analista de Bagé, Luís Fernando Veríssimo: texto no tempo exato, engraçado e bagual.

A casa da mãe Joana, Reinaldo Pimenta: numa sentada você descobre onde Judas perdeu as botas, por que não se deve meter a mão na cumbuca e pica a mula.

Dicionário do Porto-alegrês, Luís Augusto Fisher: Bah! Eu não te duvido que tu vai gostar!

Crônicas Pitorescas e Outras crônicas pitorescas Brasil 500 anos, Eloy Terra: para os mais cultos, fofocas e curiosidades dos bastidores da história do Brasil.

Pílulas para viver melhor, Dr. Lucchese: oportuno para este momento de eliminar toxinas.

Chic, Gloria Kalili: para ir aos pés em grande estilo!

Em boa companhia- Crônicas: textos mais longos, para os que sofrem de prisão de ventre.

O Segredo, Rhonda Byrne: tu vai tá cagando mesmo, por que não um auto-ajuda?

terça-feira, 12 de agosto de 2008

New Imbecil ontem e hoje

Em 1985, a revista Chiclete com Banana (reeditada agora em Antologia) publicou Traços e Tiques de um New Imbecil -NI:

"Todo NI adora roupa de guerrilheiro mercenário. Afinal, é uma guerra arrancar a mesada do pai.

Shopping Center é uma fixação NI. Perambulam de sacolinhas na mão, com pinta de quem está ali por puro acaso.

NI adora computadores de toda espécie. Precisa fazer contas, vai ao computador. Quer entender o mundo, vai ao computador. Fazer xixi... pra tudo ele vai ao computador. Pensando bem, os dois até que se parecem.

Lavar pratos em Nova Iorque é o que há de mais NI. No terceiro mundo sempre foi chic sofrer no primeiro.

Quanto à ferrenha ditadura que se implantou por mais de vinte anos em nosso país, espalhando fome, desemprego, tortura e medo entre todos os cidadãos, os NIs são taxativos: Foda-se! Fodo-me eu, foda-se tu, fodamos todos nós!

Os NIs são, geralmente, do sexo masculino. Existem garotas NI, é claro, mas são poucas e de fácil recuperação. O mundo é das mulheres, êta nóis!"

É o registro histórico dos Old Imbecis de hoje!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Tudo pelo maldito IBOPE


Nesta semana a novela A Favorita deixou milhares de noveleiros em polvorosa. Mesmo aqueles que não estavam acompanhando viram chamadas atípicas durante a programação da TV Globo: "Flora ou Donatela? Quem será a assassina? Descubra hoje em A Favorita!!"

Foram exibidas cenas dignas de último capítulo no meio da trama. A morte de Marcelo Fontini (pai da mocinha Lara) até então parecia um mistério em segundo plano, que seria revelado muito mais tarde. Porém, João Emanuel Carneiro decidiu (precisou? foi forçado? quis levantar o IBOPE?) revelar a culpada do assassinato com direito a arma na cara, briga, cavalinhos de pau... e mais uma morte.

A atitude do autor dividiu opiniões porque, de fato, era necessário dar uma melhorada na trama, mas também não precisava exagerar!

Um dramaturgo sabe que se há um mistério, devem ser criados indícios, pistas que aos poucos são dadas aos telespectadores. Assim como acontece nos romances policiais.

E, no caso de Flora (Patrícia Pillar), até então não havia nada que apontasse para ela como a vilã, quanto menos uma assassina psicopata.

Ao contrário, tudo apontava para Donatela (Cláudia Raia): " Uma perua legítima, nariz em pé e jeito exagerado de falar e gesticular.- Figurino tão espalhatoso quanto ela: muito brilho, jóias e luxo.- Morena, cabelos sedosos e bem cuidados- Pisa duro e parece estar pronta para passar por cima de quem atravessar seu caminho." (blog Noveleiros -click RBS)

Para não deixar o público mais perdido, João Emanuel está colocando pistas em flashback: cenas de Flora na prisão mostrando seu mau-caráter, por exemplo.

Mas, que graça?

Terminem a novela de uma vez e que venha Glória Perez!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Lei Seca

Faz tempo que quero escrever sobre a Lei Seca no trânsito. Mas tanta gente já falou, xingou, questionou. E depois que li um texto da Martha Medeiros sobre este assunto, perdi a vontade.


Então, só pra não deixar isso de lado, segue a piadinha:



sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Debate para prefeitura de Porto Alegre

Ontem a Band apresentou o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre:

Onyx Lorenzoni (DEM): lembrou da saúde, suas visitas às vilas e foi o único a mencionar seu vice (Mano Changes, o cantor da música Detetive e Merda de Bar).

Manuella D'Ávila (PC do B): com uma blusinha amarela muito brega, falou do trânsito (da necessidade do metrô e reforma no sistema de transporte) e das "frases difíceis" da candidata Luciana Genro.

José Fogaça (PMDB): lembrou do quanto Porto Alegre está melhor (ô!) e da necessidade de despoluir o Guaíba.

Paulo Rogowski (PHS): gaguejou e prometeu o distrito industrial da Restinga.

Maria do Rosário (PT): falou da saúde, disse que é mãe e prometou (quase jurou) que vai melhorar Porto Alegre.

Luciana Genro (PSOL): meteu pau em todo mundo, falou de corrupção e das promessas sem fundamento. O seu é cortar gastos com cargos de confiança e publicidade.

Nelson Marchezan Jr. (PSDB): disse amar a todos e convidou o Psol a se juntar a ele ao invés de ficar gritando em cima de um poste (?)

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Obrigada, Mário Quintana


Hoje Mario Quintana completaria 102 anos de vida. Lamento não ter podido conhecê-lo, ou, pelo menos, vê-lo caminhando pela Rua da Praia com seus passos lentos apoiados pela bengala ou sentado fumando um cigarro, tomando um café...

Queria ter tido a chance de dizer: Mario Quintana, o senhor foi o poeta que me fez a leitora que sou hoje, obrigada!

Quando ia completar 10 anos, perguntaram-me o que eu queria de presente. Respondi: um livro de verdade. Ganhei, então, A Rua dos Cataventos e este era meu soneto preferido:


Foram-se abrindo...


Foram-se abrindo aos poucos as estrelas...

De margaridas lindo campo em flor!

Tão alto o Céu!.. Pudesse eu ir colhê-las...

Diria algumas si me tens amor...


Estrelas altas! Que se importam elas?

Tão longe estão!... Tão longe deste mundo...

Trêmulo bando de distantes velas

Ancoradas no azul do céu profundo...


Porém meu coração quase parou,

Lá foram voando as esperanças minhas,

Quando uma, dentre aquelas estrelinhas,


Deus a guie! do céu se despencou...

Com certeza era o amor que tu me tinhas

Que repentinamente se acabou!...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"Em ritmo de festa"


Eu estava organizando o porta-malas do carro antes de viajar no fim do ano quando passou um senhor por mim e disse: Natal é no litoral! Virei e vi aquele velhinho contente pela piada. Eu ri automaticamente. Depois ele puxou outros assuntos e fez outras piadinhas sem graça, e eu ri. Não achei engraçado, não. Mas achei simpático, bonitinho, gentil.

Acho que com Silvio Santos acontece mais ou menos o mesmo. Se fosse outra pessoa conduzindo aquele programa de domingo, não teria graça nenhuma. Mas é o Silvio! O dono do SBT, o cara do microfone no colarinho e um velhinho muito simpático.

Silvio está no ar com o Programa do Silvio Santos rechado de atrações das antigas: câmera escondida (do Topa tudo por dinheiro), gincana (tipo Olimpíadas do Faustão), concurso dos sósias, prova do martelo, prova da galinha... nesta última as moças do auditório devem escolher um ovo e se ele estiver inteiro, elas ganham 50 reais. Como se não bastasse a "tosquice" da prova, ainda temos o privilégio de ver Silvio Santos vestindo seu impagável roupão amarelo bordado com motivos de galinheiro.

É pra rir o domingo inteiro!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Cacá Diegues em Porto Alegre


Cacá Diegues nasceu em 1940 em Maceió. Formou-se em Direito pela PUC do Rio de Janeiro e seu primeiro trabalho profissional foi Escola de Samba Alegria de Viver (episódio do conhecido Cinco Vezes Favela).

Hoje, Cacá Diegues é um representante do Cinema Novo e também um diretor e crítico de cinema respeitado.

O ciclo O Brasil segundo Cacá Diegues faz parte do Festival de Inverno e vai até domingo na Sala P. F. Gastal.

Na programação, Bye bye Brasil (1979) e o imperdível Xica da Silva (1976) um dos maiores sucessos do diretor com a brilhante atuação de Zezé Motta.

Sexta-feira, dia 25, após a exibição de O maior amor do mundo (2006- primeiro filme com roteiro escrito apenas pelo diretor), haverá debate com a presença de Cacá Diegues.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dercy Gonçalves foi pra puta que pariu!


Foram 101 anos de vida: infância pobre, abandonada pela mãe, fuga de casa, teatro de revista, comédia, escândalos, chanchada, TV Excelsior, palavrões...

Infelizmente, a imagem que pessoas de até 30 anos (como eu) tiveram desta personalidade foi daquela velha debochada e boca-suja, ignorando a importância de uma artista ímpar na história do teatro, cinema e televisão brasileiros.


O talento de Dercy, o dom para a comédia, as tiradas irônicas e a arte do improviso foram abafados pelo rol de palavrões que saiam da boca da atriz.

Mas é possível conferir seu trabalho em DVD (disponíveis na Livraria Cultura):

- A Baronesa Transviada (1957)

- Absolutamente certo (1957)

- Uma certa Lucrécia (1958)

- A grande vedete (1958)

- Cala boca, Etelvina (1959)

- Minervina vem aí (1959)

- A viúva Valentina (1960)

- Dona Violante Miranda (1960)

- Sonhando com milhões (1963)

- Se meu dólar falasse (1970)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Nota sobre uma gafe

Na coluna de hoje do Flávio Ricco (Correio do Povo), uma nota chamou atenção para o vôo de um avião da Vasp no capítulo de terça-feira da novela Beleza Pura (Globo).
Este detalhe passou despercebido por mim que fiquei pasma com as cenas do personagem Guilherme (Edson Celulari): além de usar o celular a bordo, pediu um chimarrão num bar de Porto Alegre, que foi servido em um pires.
Se a intenção era fazer piada, não rolou.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Primeira Missa: até dia 27 no Margs


Acho que foi na quinta série, para minha alegria e para tristeza de meus pais, fui pela primeira vez com minha mãe comprar a lista de livros didáticos exigidos pelo colégio. De todos eles, um de capa amarela foi logo meu preferido: História do Brasil. Não sei se pela beleza da capa (um amontoado de índios, padres e imagens da natureza) ou se pela quantidade de gravuras, mas lembro que aquele livro eu não jogava embaixo da cama como os outros.

Foi nele que vi pela primeira vez o famoso quadro de Victor Meirelles, com seus índios, padres, cores... E o tema: Descobrimento do Brasil. Só hoje entendo como era difícil pra mim compreender aquilo tudo que eu fingia saber, decorando datas e nomes importantes. Só hoje entendo a importância que aquela pintura impressa no livro de história teve para meu aprendizado.

Fico imaginando se tivesse tido a oportunidade de visitar a exposição A Primeira Missa no Brasil – O renascimento de uma pintura que fica no Margs até o dia 27 de julho. Se aquela imagenzinha no livro foi responsável por tudo que eu sabia sobre o descobrimento do Brasil, o que teria me proporcionado vê-la em seus 3,35 metros de altura por 4,22 de comprimento?

Fiquei realmente fascinada. E como se não bastasse, ainda se pode acompanhar a história do quarto processo de restauração deste quadro que viajou da França para o Brasil e do Brasil para os Estados Unidos e voltou mofado e furado por causa da água que entrou no navio.


mais: www.margs.rs.gov.br

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Saudosismo de pais para filhos


A Editora Globo lançou recentemente O Maravilhoso Livro das Meninas, uma versão feminina de O Livro Perigoso para Garotos (Galera-Record).


Enquanto o primeiro traz uma série de ensinamentos "úteis" para as meninas (como costurar, bordar e cozinhar), o segundo é um divertido almanaque para pestinhas, com capítulos que ensinam a fabricar arco-e-flecha, aviões de papel, estilingue...


Os livros são bons, bem escritos, informativos... seduzem qualquer pai que não aguenta mais ver os filhos pendurados no celular ou agarrados no video-game.

Aliás, este é, dizem os autores, o maior objetivo deles: fazer com que as crianças recuperem a inocência das brincadeiras antigas, fujam da ditadura tecnológica.

E aí, foi preciso retroceder à epoca em que meninas só vestiam cor-de-rosa e meninos só vestiam azul.


Ambos foram adaptados para o Brasil, substituindo informações históricas e literárias. No Maravilhoso Livro das Meninas, por exemplo, encontramos a história de mulheres como Chiquinha Gonzaga a Leila Diniz, de Anita Garibaldi a Maria Bonita. Todas fortes, revolucionárias, que lutaram por uma condição melhor para as mulheres.


Elas não iriam gostar nada de saber que estão citadas neste quase mini-manual-da-dona-de-casa.



IGGULDEN, Conn & IGGULDEN, Hal . O livro perigoso para garotos. Record, 2008.

DAVIDSON, Rosemary & VINE, Sarah. O maravilhoso livro das meninas. Globo, 2008.

domingo, 29 de junho de 2008

Por que um livro vende?

Na quinta-feira passada, a obra eleita para ser discutuda no Siminário Direito & Literatura foi o best-seller O caçador de pipas.

Muitos pontos interessantes foram levantados pelo professor Antônio Sanseverino (UFRGS), mas um ponto em especial me fez sair da palestra satisfeita: O que faz de O caçador de pipas um fenômeno de vendas?

A partir disso, o debate foi da lista dos mais vendidos ao processo da redenção humana.

Claro, um leitor quer uma leitura de boa aceitação, é natural que consulte a listagem dos mais vendidos. Mas um leitor também quer prazer, busca a catarse através da literatura e, para que a obtenha, uma boa história deve falar de culpa, medo, fraquezas e outros sentimentos que todos temos.

Em O caçador de pipas, Amir (o narrador-personagem) passa pelos piores dramas de um homem, comete erros (um fatídico e outros menores) e, mesmo assim, consegue a salvação moral.

Portanto, o leitor de Khaled Hosseini ao conhecer a história do menino de Cabul terá a comprovação de que aquele que peca também alcança a redenção.

Mas temos que lembrar que os leitores ainda não conhecem esta história quando compram o livro, e daí a rasa explicação da lista de mais vendidos.

Então, por que um livro vende?

Ao primeiro que encontrar a resposta, sucesso e milhões!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

A novela mutante


A Favorita vai muito mal. Mas tentar assistir aos Mutantes da Record está difícil.


Sim, é uma novela inovadora, como nunca existiu, uma atitude louvável.

Muitos efeitos especiais que, apesar de tudo, não são tão ruins.


Mas, por que deixar tão a desejar no roteiro?


A novela não faz meu tipo, mesmo assim posso analisar a trama e infelizmente concluo que não é possível acompanhar os Mutantes.


O enredo se resume a: bonzinhos contra malvados. Tem coisa mais retrógada em se tratando de novela? De que adianta, então, personagens mutantes?


Um diálogo que assisti entre um menino-lobo e um homem-escoporpião (mais ou menos assim):


Menino: Por que você quer me matar?

Homem: Eu não quero, eu vou!

Menino: Mas por que lutar, se podemos ser amigos?

Homem: Eu vou acabar com você e com essa raça de mutantes do bem!!

Menino: Mas por que a guerra se podemos ter a paz?

Homem: Você vai ver, vou acabar com você e vai ser agora!

Menino: Mas por que o ódio se existe o amor?



Troquei de canal.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pantanal: ver enquanto há tempo!


Desde o dia 6 no SBT está passando a novela Pantanal. Num momento morno da teledramaturgia, Silvio Santos tomou uma atitude aplaudida pelos amantes de novelas. Mas, a chance de rever Pantanal pode durar pouco.


Assim como Xica da Silva, a novela Pantanal foi exibida pela primeira vez na rede Manchete e já é motivo de briga na justiça por direitos autorais. Como a autoria é de Benedito Ruy Barbosa (Renascer, O Rei do Gado e Terra Nostra), a rede globo acha que detém os direitos de transmissão. Mas Silvio comprou as fitas num leilão da Tv Manchete e, por enquanto, pode exibí-la.


A reprise de Pantanal é oportuna no momento em que a televisão está passando. Esta foi a primeira novela que conseguiu abalar o monopólio global em 1990, quando a Globo transmitia Rainha da Sucata e perdeu os sonhados 40 pontos no IBOPE. Desde então, só nos últimos anos, a rede Globo está tendo problemas com a concorrência, graças ao trabalho da Record.


No elenco Cláudio Marzo, Cristiana Oliveira, Marcos Winter, Jussara Freire, Paulo Gorgulho, Sérgio Reis...).


Na foto, a selvagem Juma (Cristiana Oliveira).



segunda-feira, 16 de junho de 2008

Museu Iberê Camargo e o não convite a conhecê-lo


Avenida Beira-rio, bem na curva do estaleiro, rumo à Zona Sul, à beira do Guaíba. Este foi o local escolhido para erguer os três andares de concreto branco que hoje se transformaram no maior museu de Porto Alegre.


Uma homenagem ao pintor expressionista de maior prestigio no Rio Grande do Sul que não admitia descaso como obras de arte, dizendo que suas telas não tinham guarda-chuva (para se protejer das goteiras de outros museus).


Pena que este o estilo Bunker do museu tenha dado uma aparência tão pouco convidativa. Aliás, muito feia.


Pena que os idealizadores do projeto (que demorou seis anos para ser concluído) não tenham pensado nos visitantes que moram perto dali e não têm ao menos calçada para chegar até o museu.


Uma pena que tenham pensado tanto no estacionamento (pago, é claro) e não tenham pensado numa parada de ônibus (a mais próxima fica a umas duas quadras) e tampouco numa faixa de segurança para pedestres (lembrando que a instalação está construída exatamente em uma curva!).


Guy de Mapassant, Alexandre Dumas e outros intelectuais fizeram um manifesto contra a torre Eiffel, alegando que o lugar mais bonito da torre era lá dentro, da onde não era possível enxergá-la. Qualquer semelhança com este museu, não é mera coincidência.


quarta-feira, 11 de junho de 2008

Sex and the City: Show de rótulos

Até quando vai existir a necessidade de se compreender as mulheres? Até quando vai se dizer que as mulheres são incompreensíveis? E até quando vão ser criados rótulos para as mulheres?

Peço desculpas às fãs, mas vocês hão de concordar: Sex and the City é mais um fenômeno de rotulação das mulheres.

A questionadora, a romântica, a sarcástica, a caçadora... tem pra todos os gostos. Não acho incomum que as mulheres se identifiquem com pelo menos um destes tipos.

Até aí tudo bem, mas dizer que assim se define a mulher moderna, já é demais.

Fora os preconceitos reforçados: a mulher fala demais, pensa demais, sonha demais, ama demais, sofre demais, consome demais, gasta demais....

E pior: Sex and the City (e "a invenção da mulher moderna") é reportagem de capa da revista Época. E eu li.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Mix Bazaar imperdível


Neste fim de semana (8 e 9 de junho) no Cais do Porto acontece mais uma edição do Mix Bazzar.


Além dos shows, workshop e expositores, vai rolar mais um desfile Bazaar de Talentos, um concurso com trabalhos de estudantes de moda.


No domingo, às 19horas vamos conferir os looks criados pela estilista Thais Carolina (minha prima!) inspirados no sambista Cartola.


No ano do seu centenário, Cartola recebe esta humilde homenagem em peças que reciram a atmosfera carioca do Morro da Mangueira e do samba de raiz.


(A foto é um dos croquis)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Alair Gomes - o voyer


O Voyer Alair Gomes (1921-1992) transformou a sua tara (homo) sexual em arte. As fotografias que estão expostas na Usina do Gasômetro até 6 de junho mostram aquilo que o artista via da sua janela de frente pro mar no Rio de Janeiro das décadas de 70 e 80.

Entrei por acaso na galeria e me senti privilegiada por poder compactuar daquele ato criminoso.

As séries sequenciais (em especial as de sessões de alongamento e ginástica) dão uma impressão muito bacana de animação.


Um brinde ao zoom!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Batuqueiros enrustidos


Muitos ignoram, mas o Rio Grande do Sul é o estado com maior número de adeptos das religiões afro (1,6% da população contra 0,08% dos baianos auto-declarados) e com o maior número de terreiros (cerca de 30 mil).

De fato não existe associação dos gaúchos com esta realidade na mídia ou nas ruas. O que torna o assunto algo a ser pouco comentado, encarado com a máxima discrição.

O estado "mais europeu" do Brasil foi desmistificado com o trabalho da fotógrafa Mirian Fichtner que lançou o livro Cavalo de Santo, onde estão retratados dezenas de imagens dos rituais de batuque em solo gaúcho.

A primeira exposição do trabalho foi no Rio de Janeiro.

Esperamos que a segunda seja aqui!




Na foto acima, o trabalho de Pierre Verger, fotógrafo francês que se rendeu à cultura afro-brasileira na Bahia.


sábado, 24 de maio de 2008

Mais comédia, por favor!


Por anos acompanho o trabalho dos alunos do DAD- UFRGS. Vi muitas coisas interessantes, algumas boas e outras ótimas. Das coisas ótimas elegi minhas três peças preferidas: The McKillers Girls (sátira de super-heróis), Uma montagem com textos do Wood Allen (Seis personagens a procura de um autor) e As artimanhas de Arlecchino (em cartaz neste mês de maio). O que estas peças têm em comum: são todas comédias, cada um num estilo diferente.
Além disso, de todas as peças que vi, essas três eram as únicas do gênero.
Então, equipe do DAD, faço um pedido: Ao invés de insistirem nos melodramas e fragmentos de autores como Brecth e Llorca, invistam mais no trabalho com comédia!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Regras para o uso dos que frequentam bondes (e ônibus!)


Em 4 de julho de 1883 foi publicada uma crônica de Machado de Assis em que ele listou alguns artigos sobre o bom uso dos bondes. Essas regras se aplicam perfeitamente nos dias de hoje aos usuários de ônibus. Colocarei algumas, mas vale a pena ler todas.

"Art. I - Dos encatarroados

Os encatarroados podem entrar nos bonds com a codição de não tossirem mais de três vezes dentro de uma hora, e no caso de pigarro, quatro.

Quando a tosse for tão teimosa, que não permita limitação, os encatarroados têm dois alvitres: - ou irem a pé, que é bom exercício, ou meterem-se na cama. Também podem ir tossir para o diabo que os carregue. (...)

Art. III - Da leitura dos jornais

Cada vez que um passageiro abrir a folha que estiver lendo, terá o cuidado de não roçar as ventas nos vizinhos, nem levar-lhes os chapéus. Também não é bonito encostá-los no passageiro da frente. (...)

Art. V - Dos amoladores

Toda pessoa que sentir necessidade de contar os seus negócios íntimos, sem interesse para ninguém, deve primeiro indagar do passageiro escolhido para uma tal confidência, se ele é assaz cristão e resignado. No caso afirmativo, pergunta-se-lhe-á se prefere a narração ou uma descarga de pontapés. Sendo provável que ele prefira os pontapés, a pessoa deve imediatamente pespegá-los. No caso aliás extraordinário e quase absurdo, de que o passageiro prefira a narração, o proponente deve fazê-lo minuciosamente, carregando muito nas circustâncias mais triviais, repetindo os ditos, pisando e repisando as coisas, de modo que o paciente jure aos seus deuses não cair em outra. (...)

Art. VII - Das conversas

Quando duas pessoas, sentadas a distância, quiserem dizer alguma coisa em voz alta, terão cuidado de não gastar mais de quinze ou vinte palavras e, em todo caso, sem alusões maliciosas, principalmente se houver senhoras. (...)

Art. VIII - Das pessoas com morrinha

As pessoas que tiverem morrinha, podem participar dos bonds indiretamente: ficando na calçada e vendo-os passar de um lado para o outro. Será melhor que morem em rua por onde eles passem, porque então podem vê-los mesmo da janela."


quinta-feira, 15 de maio de 2008

O que Clarice não fez por dinheiro...


Nos últimos anos, foram editados muitos escritos de Clarice Lispector, rascunhos, correspondências, textos inéditos... A Editora Rocco publicou textos que Clarice escreveu para os jornais Correio da Manhã, Comício e Diário da Noite nos anos 60.

Para ganhar a vida, recém-divorciada e com dois filhos, aceitou ser ghost-writer da musa da TV Ilka Soares.

Deixou de lado a escrita densa e sensível para construir um tratado de futilidades:


"Uma coisa é certa: nós, mulheres, desejamos e temos o dever de agradar aos homens. Ou, pelo menos, ao homem que amamos, não é verdade? (...) Assim sendo, a preferência masculina deve ser levada em consideração sempre que nos vestirmos e enfeitarmos. (...) Aquilo que os homens detestam: 1) vestido muito justo; 2) pintura excessiva, principalmente nos olhos; 3) modas sofisticadas e complicadas; 4) saltos muito altos; 5) batom exagerado desenhando nova boca e exótica; 6) meias com costura torta; 7) excesso de jóias; 8) decote exagerado; 9) moça desembaraçada demais; 10) mulher sabichona. (arg!!!)


Imagino que deve ter doído mais na Clarice do que em mim...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

À querida tia Nelci

Garimpando a coleção de discos da tia Nelci, encontrei um LP de um show gravado em Buenos Aires com Mercedes Sosa, Leon Gieco e Milton Nascimento.
Além de Mercedes Sosa recitando "Cio da Terra", há uma das mais belas versões de "Solo le pido a Dios". Aliás, nunca tinha parado pra pensar na letra dessa música que me tocou bastante:

Sólo le pido a Dios
que el dolor no me sea indiferente,
que la reseca muerte no me encuentre
vacio y solo sin haber hecho lo suficiente.

Sólo le pido a Dios
que lo injusto no me sea indiferente,
que no me abofeteen la otra mejilla
después que una garra me arañó esta suerte.

Sólo le pido a Dios
que la guerra no me sea indiferente,
es un monstruo grande y pisa fuerte
toda la pobre inocencia de la gente.

Sólo le pido a Dios
que el engaño no me sea indiferente
si un traidor puede más que unos cuantos,
que esos cuantos no lo olviden fácilmente.

Sólo le pido a Dios
que el futuro no me sea indiferente,
desahuciado está el que tiene que marchar
a vivir una cultura diferente.

Sólo le pido a Dios
que la guerra no me sea indiferente,
es un monstruo grande y pisa fuerte
toda la pobre inocencia de la gente.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Há um século no Correio do Povo

Desde segunda-feira (5 de maio) o Jornal Correio do Povo está com novo layout. Muito parecido com o da Zero Hora, diga-se de passagem.
Inspirado na coluna "Há 30 anos em ZH", o jornal apresenta agora "Há um século no Correio do Povo", do qual selecionei um trecho:

"Notas Policiaes: Ante-hontem, às 2 e 1/2 horas da tarde, á travessa 2 de Fevereiro, n.15, Magalena de Tal e Dolores de Tal, travaram-se de razões e iam chegar as vias de facto, quando acudiu o agente n.88 e prendeu a agressora, conduzindo-a ao 1ºposto.
Hontem, á tarde, recebeu curativos na ambulancia do 2ºposto, João de Tal, de cor mixta, com 35 annos de idade e que apresentava uma contusão no olho esquerdo produzido por couce de cavallo".

segunda-feira, 5 de maio de 2008

É hoje: Ciranda de Pedra


O romance da Lygia F. Telles é tão bom que merece uma segunda adaptação. A primeira foi em 1981, com a eterna Lucélia Santos no lugar da protagonista Virginia . Depois de uma participação em alma gêmea, vamos ver se a novata Tammy di Calafiori consegue dar conta do papel que foi de Lucélia. Já Ana Paula Arósio será Laura, antes vivida por Eva Wilma.

A Eutanásia (de Laura) e a homossexualidade de Letícia (Mônica Torres em 1981 e Paola Oliveira em 2008) ficará de fora tendo em vista o horário das seis.

Sobre a origem do romance e o nome a própria Lygia explicou: "Eu ia andando por uma rua muito elegante daqui de São Paulo e vi uma casa sendo demolida. Eu me lembro que a casa tinha um jardim lindo e uma escada de mármore. A casa já estava sem a parede da frente, exposta. Fiquei muito comovida com aquela imagem e pensei comigo: aqui nesta casa gente amou, viveu, dançou e chorou. Aí, percebi uma fonte débil, com água ainda jorrando. Em volta dela, havia pequenos anões de jardim, que estavam de mãos dadas, em uma ciranda que fechava a fonte. Pensei em uma jovem querendo entrar nessa ciranda de pedra e não conseguindo. Foi assim que nasceu a Virgínia". E os anões, por sua vez: Otávia, Bruna, Letícia, Afonso e Conrado.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Nomes de Creches

Incrível a criatividade dessas educadoras:

Semeando o saber;
Sapequinha;
Piazito;
Arteirinhos;
Turma do giz de cera;
Meladinho;
Vovô Afonso (será que é o da novela?);
Corujinha Sapeca;
Cris Carinho (onde eu estudei);
Sementinha da Vida;
Bicho Carpinteiro;
Pipoquinha doce;
Tartaruguinha Verde (que fofo!);
Recanto Mimoso;
Bola e Bambolê (meninos e meninas?);
Filhotinho;
Amigos do verde (politicamente correta);
Pirralhos e Cia (uahuahuahauhua);
Turma do pé no chão (construtivista..);
Amoreco;
Mamãe Deixa;
e a minha preferida: Cadê o Au Au??

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Amy


Já faz duas semanas que estou ouvindo Amy Winehouse. Ela é a prova de que não precisamos viver de passado quando se trata de música... ela conseguiu fazer um som muito atual com o melhor das influências jazz e soul. Fora sua voz, que pensei ser de uma daquelas negras americanas.
No Live In Paradiso a banda realmente dá um show.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Como se portar na sociedade de aparências

Creonte de Chico Buarque e Paulo Pontes na peça Gota d'água ensina:

"Cuidado que existe hora pra ser amigo e pra ser o poder. Não queira sair por aí a fora dizendo o que pensa. Diga o contrário. Esqueça o nome do seu companheiro e cumprimente o pior salafrário, que ninguém é inútil por inteiro. Esteja quase sempre sem horário e sempre de partida pro estrangeiro..."


E não é?

quarta-feira, 9 de abril de 2008


Parece que a última edição do Oscar teve a mais baixa audiência dos últimos anos. Talvez isso se deva ao fato de não haver nenhuma daquelas "grandes produções americanas" concorrendo. Isso não quer dizer que os indicados decepcionaram. Juno, por exemplo, é supreendente. Trata do tema gravidez na adolescência de um jeito diferente e especial.
Gostei como a ex-stripper e roteirista Diablo Cody constró as personagens femininas Juno (mãe biológica, madura e decidida) e Vanessa (mãe adotiva, insegura e sentimental). Já os personagens homens (Paulie e Mark), por sua vez, são infantis, imaturos, uns babacas.


"Porque, ao ler alguém que consegue expressar-se com toda a limpidez, nem sentimos que estamos lendo um livro: é como se o estivéssemos pensando".

Mário Quintana