quarta-feira, 30 de julho de 2008

Obrigada, Mário Quintana


Hoje Mario Quintana completaria 102 anos de vida. Lamento não ter podido conhecê-lo, ou, pelo menos, vê-lo caminhando pela Rua da Praia com seus passos lentos apoiados pela bengala ou sentado fumando um cigarro, tomando um café...

Queria ter tido a chance de dizer: Mario Quintana, o senhor foi o poeta que me fez a leitora que sou hoje, obrigada!

Quando ia completar 10 anos, perguntaram-me o que eu queria de presente. Respondi: um livro de verdade. Ganhei, então, A Rua dos Cataventos e este era meu soneto preferido:


Foram-se abrindo...


Foram-se abrindo aos poucos as estrelas...

De margaridas lindo campo em flor!

Tão alto o Céu!.. Pudesse eu ir colhê-las...

Diria algumas si me tens amor...


Estrelas altas! Que se importam elas?

Tão longe estão!... Tão longe deste mundo...

Trêmulo bando de distantes velas

Ancoradas no azul do céu profundo...


Porém meu coração quase parou,

Lá foram voando as esperanças minhas,

Quando uma, dentre aquelas estrelinhas,


Deus a guie! do céu se despencou...

Com certeza era o amor que tu me tinhas

Que repentinamente se acabou!...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"Em ritmo de festa"


Eu estava organizando o porta-malas do carro antes de viajar no fim do ano quando passou um senhor por mim e disse: Natal é no litoral! Virei e vi aquele velhinho contente pela piada. Eu ri automaticamente. Depois ele puxou outros assuntos e fez outras piadinhas sem graça, e eu ri. Não achei engraçado, não. Mas achei simpático, bonitinho, gentil.

Acho que com Silvio Santos acontece mais ou menos o mesmo. Se fosse outra pessoa conduzindo aquele programa de domingo, não teria graça nenhuma. Mas é o Silvio! O dono do SBT, o cara do microfone no colarinho e um velhinho muito simpático.

Silvio está no ar com o Programa do Silvio Santos rechado de atrações das antigas: câmera escondida (do Topa tudo por dinheiro), gincana (tipo Olimpíadas do Faustão), concurso dos sósias, prova do martelo, prova da galinha... nesta última as moças do auditório devem escolher um ovo e se ele estiver inteiro, elas ganham 50 reais. Como se não bastasse a "tosquice" da prova, ainda temos o privilégio de ver Silvio Santos vestindo seu impagável roupão amarelo bordado com motivos de galinheiro.

É pra rir o domingo inteiro!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Cacá Diegues em Porto Alegre


Cacá Diegues nasceu em 1940 em Maceió. Formou-se em Direito pela PUC do Rio de Janeiro e seu primeiro trabalho profissional foi Escola de Samba Alegria de Viver (episódio do conhecido Cinco Vezes Favela).

Hoje, Cacá Diegues é um representante do Cinema Novo e também um diretor e crítico de cinema respeitado.

O ciclo O Brasil segundo Cacá Diegues faz parte do Festival de Inverno e vai até domingo na Sala P. F. Gastal.

Na programação, Bye bye Brasil (1979) e o imperdível Xica da Silva (1976) um dos maiores sucessos do diretor com a brilhante atuação de Zezé Motta.

Sexta-feira, dia 25, após a exibição de O maior amor do mundo (2006- primeiro filme com roteiro escrito apenas pelo diretor), haverá debate com a presença de Cacá Diegues.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dercy Gonçalves foi pra puta que pariu!


Foram 101 anos de vida: infância pobre, abandonada pela mãe, fuga de casa, teatro de revista, comédia, escândalos, chanchada, TV Excelsior, palavrões...

Infelizmente, a imagem que pessoas de até 30 anos (como eu) tiveram desta personalidade foi daquela velha debochada e boca-suja, ignorando a importância de uma artista ímpar na história do teatro, cinema e televisão brasileiros.


O talento de Dercy, o dom para a comédia, as tiradas irônicas e a arte do improviso foram abafados pelo rol de palavrões que saiam da boca da atriz.

Mas é possível conferir seu trabalho em DVD (disponíveis na Livraria Cultura):

- A Baronesa Transviada (1957)

- Absolutamente certo (1957)

- Uma certa Lucrécia (1958)

- A grande vedete (1958)

- Cala boca, Etelvina (1959)

- Minervina vem aí (1959)

- A viúva Valentina (1960)

- Dona Violante Miranda (1960)

- Sonhando com milhões (1963)

- Se meu dólar falasse (1970)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Nota sobre uma gafe

Na coluna de hoje do Flávio Ricco (Correio do Povo), uma nota chamou atenção para o vôo de um avião da Vasp no capítulo de terça-feira da novela Beleza Pura (Globo).
Este detalhe passou despercebido por mim que fiquei pasma com as cenas do personagem Guilherme (Edson Celulari): além de usar o celular a bordo, pediu um chimarrão num bar de Porto Alegre, que foi servido em um pires.
Se a intenção era fazer piada, não rolou.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Primeira Missa: até dia 27 no Margs


Acho que foi na quinta série, para minha alegria e para tristeza de meus pais, fui pela primeira vez com minha mãe comprar a lista de livros didáticos exigidos pelo colégio. De todos eles, um de capa amarela foi logo meu preferido: História do Brasil. Não sei se pela beleza da capa (um amontoado de índios, padres e imagens da natureza) ou se pela quantidade de gravuras, mas lembro que aquele livro eu não jogava embaixo da cama como os outros.

Foi nele que vi pela primeira vez o famoso quadro de Victor Meirelles, com seus índios, padres, cores... E o tema: Descobrimento do Brasil. Só hoje entendo como era difícil pra mim compreender aquilo tudo que eu fingia saber, decorando datas e nomes importantes. Só hoje entendo a importância que aquela pintura impressa no livro de história teve para meu aprendizado.

Fico imaginando se tivesse tido a oportunidade de visitar a exposição A Primeira Missa no Brasil – O renascimento de uma pintura que fica no Margs até o dia 27 de julho. Se aquela imagenzinha no livro foi responsável por tudo que eu sabia sobre o descobrimento do Brasil, o que teria me proporcionado vê-la em seus 3,35 metros de altura por 4,22 de comprimento?

Fiquei realmente fascinada. E como se não bastasse, ainda se pode acompanhar a história do quarto processo de restauração deste quadro que viajou da França para o Brasil e do Brasil para os Estados Unidos e voltou mofado e furado por causa da água que entrou no navio.


mais: www.margs.rs.gov.br

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Saudosismo de pais para filhos


A Editora Globo lançou recentemente O Maravilhoso Livro das Meninas, uma versão feminina de O Livro Perigoso para Garotos (Galera-Record).


Enquanto o primeiro traz uma série de ensinamentos "úteis" para as meninas (como costurar, bordar e cozinhar), o segundo é um divertido almanaque para pestinhas, com capítulos que ensinam a fabricar arco-e-flecha, aviões de papel, estilingue...


Os livros são bons, bem escritos, informativos... seduzem qualquer pai que não aguenta mais ver os filhos pendurados no celular ou agarrados no video-game.

Aliás, este é, dizem os autores, o maior objetivo deles: fazer com que as crianças recuperem a inocência das brincadeiras antigas, fujam da ditadura tecnológica.

E aí, foi preciso retroceder à epoca em que meninas só vestiam cor-de-rosa e meninos só vestiam azul.


Ambos foram adaptados para o Brasil, substituindo informações históricas e literárias. No Maravilhoso Livro das Meninas, por exemplo, encontramos a história de mulheres como Chiquinha Gonzaga a Leila Diniz, de Anita Garibaldi a Maria Bonita. Todas fortes, revolucionárias, que lutaram por uma condição melhor para as mulheres.


Elas não iriam gostar nada de saber que estão citadas neste quase mini-manual-da-dona-de-casa.



IGGULDEN, Conn & IGGULDEN, Hal . O livro perigoso para garotos. Record, 2008.

DAVIDSON, Rosemary & VINE, Sarah. O maravilhoso livro das meninas. Globo, 2008.