Hoje Mario Quintana completaria 102 anos de vida. Lamento não ter podido conhecê-lo, ou, pelo menos, vê-lo caminhando pela Rua da Praia com seus passos lentos apoiados pela bengala ou sentado fumando um cigarro, tomando um café...
Queria ter tido a chance de dizer: Mario Quintana, o senhor foi o poeta que me fez a leitora que sou hoje, obrigada!
Quando ia completar 10 anos, perguntaram-me o que eu queria de presente. Respondi: um livro de verdade. Ganhei, então, A Rua dos Cataventos e este era meu soneto preferido:
Foram-se abrindo...
Foram-se abrindo aos poucos as estrelas...
De margaridas lindo campo em flor!
Tão alto o Céu!.. Pudesse eu ir colhê-las...
Diria algumas si me tens amor...
Estrelas altas! Que se importam elas?
Tão longe estão!... Tão longe deste mundo...
Trêmulo bando de distantes velas
Ancoradas no azul do céu profundo...
Porém meu coração quase parou,
Lá foram voando as esperanças minhas,
Quando uma, dentre aquelas estrelinhas,
Deus a guie! do céu se despencou...
Com certeza era o amor que tu me tinhas
Que repentinamente se acabou!...